20080317

Luíz Pacheco, Braga, 16 ou 17 de Outubro, 1961

Adivinho e aspiro o perfume do seu sexo; leio-lhe nos olhos os gritos que ela daria de prazer se a possuísse agora (...)

Mas passam por mim duas miúdas: uma, grande cu descaído, badalhoca de cara, trouxa de carne a dar às pernas - é a que me tenta; outra, muito compostinha no trajar, casaco preto, saia branca ou creme, muito viva, muito espevitada. Atiro pontaria na badalhoca, a ver se avanço depressa o negócio, jogando no ganha-perde da beleza física e no cálculo das probabilidades dos complexos das feias.

(...) o meu olhar mágico, de megatoneladas de cio (...) nestas coisas de engates (...) quanto mais estúpidas as declarações de amor mais resultado dão (...)

Lambia-te toda, desde as maminhas até ao pipi.

(...) «Mostra a zabelinha, mostra a zabelinha a este senhor!». Olha que putitas!

(...) e com o corpo todo pendurado para cima dele que com a mão esquerda na algibeira vai entretendo o caralho com as promessas que a vista lhe está a demonstrar. (...)

- 'tão, nada feito - diz a sua honra camponesa, e pela primeira vez noto como me apetecia aquele corpo, ser dono ou servo daquele aparato movediço de carne, pele, ossos, pêlos, força. E também me pareee que ele está pronto a ir atrás de uma promessa, duma mentira qualquer, e que a recusa pela venda comercial é onde ele esconde a sua pronta adesão. Talvez o seu vício. Mas para comercial, comercial e meio. (...)
Paramos os dois na estrada. Aí - tenho a certeza - um pouco de insistência minha, qualquer promessa, fariam voltá-lo para trás. Mas não fiz nada disso; devo ter-lhe parecido um velho forreta, gabiru em chupar caralhos de borla. Resistiu. (...)
Descemos um carreiro em bico à direita da estrada. Escuridão. É o lugar ideal para mijar, cagar ou brochar discretamente. Calculo que ele está a provocar-me com o caralho fora das calças, quer festa, mas eu estou muito senhor de mim. (...)
- O senhor tem, há bocado disse que tinha - diz o franjolas a mijar à minha frente (e nem para a picha lhe olhei). (...)
Sacudiu a gaita, voltámos à estrada. (...)

Ora vão pró caralho! Não aturo meninos depois de ter tido homens na mão. Bebo não bebo mais verde? bebo não bebo mais cerveja? ou uma água de Castelo? Fumo? Peço mais fiados? Volto a passear e aproveito para meter aqui o episódio da excursão vianense.

Misturo a Deolinda com o António e sem mexer na picha estou quase a vir-me. De repente, tudo é tão violento que tenho de bater uma punheta.
Como a Natureza previu todas as nossas fraquezas e ausências, dotou-nos também com outro caralho para o cu detrás. Meto o dedo (médio?) todo no cu, bato a punheta. E a ejaculação, forte porque há dias que estou sem deitar nada cá para fora, dá-me contracções no esfincter. (...) Venho-me imenso. (...) Cada passo na escada parece julgo que é o António que vem e me penetra e me obriga a chupar-lhe o delicioso caralho que não vi.
Mas que vontade de ter pecado. De pecar. Como assim: de viver.Descubro que o êxito e o fracasso são uma e a mesma cadeia e em tudo. O êxito para cima, o fracasso para baixo, e quando digo baixo digo baixo: sujidões, dívidas, vergonhas, podridão, loucura. Mas o que toma tudo igual é que ambas as cadeias se encontram, nada a fazer, meus caros, daqui a cem anos ninguém se lembra.

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